sábado, novembro 6

Jornal O Estado de SP em PDF, Sabado, 06 de Novembro de 2010

Posted by kotonette 09:52, under | No comments

China fala em erguer 'muralha de fogo' para barrar dólar:
PEQUIM - O governo da China deve erguer uma "muralha de fogo" para evitar a entrada de capital especulativo na China, em resposta à decisão do governo americano de injetar US$ 600 bilhões na economia, afirmou na sexta-feira Xia Bin, integrante do Comitê de Política Monetária do banco central. Classificando a estratégia de expansão monetária americana de "impressão desenfreada de dinheiro", Xia sugeriu durante seminário em Pequim que a China apresente na cúpula do G-20, em Seul, propostas que levem à estabilização das principais moedas.
A China tem controle de capitais e está mais bem preparada que outros emergentes para fechar as portas a recursos externos no país. Ainda assim, uma série de artifícios permite que as restrições sejam parcialmente contornadas, o que amplia a quantidade de capital estrangeiro no mercado local e dificulta o trabalho das autoridades monetárias de evitar a valorização do yuan em relação ao dólar.

Investigação realizada pelo organismo chinês responsável pela gestão do câmbio revelou a existência de 197 operações fraudulentas, que permitiram a entrada irregular de US$ 7,34 bilhões no país de janeiro a setembro de 2010 – o valor equivale ao total que o Brasil recebeu só no mês de outubro.

O forte fluxo de capital levou ao aumento recorde de US$ 194 bilhões nas reservas internacionais chinesas no terceiro trimestre, o que elevou o total a US$ 2,65 trilhões. Parte dessa expansão foi provocada por capitais especulativos, já que o superávit comercial no período foi de US$ 66 bilhões e os investimentos estrangeiros ficaram em US$ 23 bilhões. Também houve contribuição de efeitos contábeis.

Explicações

Sexta-feira o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Cui Tiankai, também atacou duramente a política de expansão monetária dos Estados Unidos. Ele rejeitou a proposta do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, de impor limites aos déficits e superávits em conta corrente dos países, apresentada no mês passado ao G-20. "Eles nos devem alguma explicação", disse Cui sobre a decisão do Fed.

Parte desses recursos vai "escapar" dos Estados Unidos e será destinado a aplicações nos países emergentes, o que vai valorizar suas moedas, reduzir a competitividade de suas exportações e aumentar o risco de bolhas no mercado imobiliário e de ações. "Como principal emissor de moeda de reserva, nós esperamos que adotem uma posição responsável", completou Cui, segundo relato da agência de notícias Reuters.

O representante do governo chinês reconheceu que o Fed tem o direito de decidir sem consultar outros países, mas ressaltou que a instituição deve levar em conta o efeito de suas medidas sobre a economia mundial. Principal negociador da China no G-20, Cui descartou a adoção "artificial" de metas numéricas para os desequilíbrios em conta corrente, como defendem os Estados Unidos. "Isso nos faz lembrar dos dias de economia planificada", ironizou.

Geithner sugeriu aos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais reunidos na Coreia do Sul no mês passado um teto de 4% para o déficit ou superávit em suas transações com o resto do mundo.

Estados Unidos e China são os protagonistas do desequilíbrio que esteve na origem da crise global que explodiu em 2008. De um lado, o país asiático acumula sucessivos superávits em conta corrente, alimentados em grande parte por sua vantagem comercial com os demais países. Na outra ponta, os americanos apresentam imensos déficits, financiados principalmente pela sobra de dinheiro na China e outros países superavitários.

Com sua proposta, Geithner pretende reduzir essa distorção e de maneira indireta valorizar a moeda chinesa. Para diminuir seu superávit, que deve fechar 2010 em 5,5% do PIB, a China teria de exportar menos e importar mais, o que poderia ser atingido com a valorização do yuan. Cui rejeitou ontem qualquer proposta que defina metas para valorizar a moeda chinesa.

Na agenda

A ameaça de uma guerra cambial será o principal ponto da agenda da cúpula do G-20, nos dias 11 e 12 deste mês em Seul. Na reunião preparatória do encontro, no mês passado, ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais concordaram em caminhar na direção de taxas de câmbio mais influenciadas pelo mercado e pelos "fundamentos da economia" e em evitar "desvalorizações competitivas" de suas moedas.

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