quarta-feira, dezembro 17

Jornal O Estado de SP em PDF, Quarta, 17 de Dezembro de 2008 - (Link Corrigido)

Posted by kotonette 09:04, under | 2 comments

Juro nos EUA é o menor desde 1954
Para combater recessão e deflação, banco central do país reduz a taxa básica para intervalo entre 0 e 0,25%
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) virtualmente zerou a taxa básica de juros ontem, e descarregou toda a sua munição para relançar a economia do país, com um conjunto inédito de decisões que indicam importante mudança na forma de atuar da autoridade monetária dos EUA.


"Espantosamente, eles decidiram fazer tudo, atirar todas as balas do canhão", comentou o economista Alan Blinder, da Universidade de Princenton e ex-vice-chairman do Fed.

O BC derrubou a taxa básica, os Fed Funds, de 1% para praticamente zero, e introduziu, como meta para o juro básico, uma banda - de zero a 0,25% - no lugar de um valor pontual, com o ocorria até hoje. O novo nível dos Fed Funds é o mais baixo desde 1954, quando se inicia a série histórica do Fed.

Tanto o corte dos juros como a introdução da banda foram vistos por alguns economistas como uma adaptação explícita ao que já vinha ocorrendo, já que os Fed Funds vinham sendo negociados dentro de intervalos abaixo da meta oficial. Ainda assim, o corte foi maior que o antecipado pelo mercado.

No comunicado que acompanhou as decisões tomadas, o Fed anunciou que "vai empregar todas as ferramentas disponíveis para promover a retomada do crescimento econômico sustentável e preservar a estabilidade de preços".

O comunicado citou a fraqueza do mercado de trabalho, dos gastos dos consumidores, do investimento e da produção industrial, e a tensão no mercado financeiro e o aperto de crédito. Junto com a queda dos preços de energia e das commodities, este cenário deixou o Fed confortável quanto à inflação.

Como parte do esforço de relançar a economia, o BC deixou claro que manterá os juros no chão por um período razoável, ao escrever no comunicado que "o comitê antecipa que as condições débeis da economia provavelmente garantirão níveis excepcionalmente baixos para a taxa dos Federal Funds por algum tempo".

Outra novidade, apontada como talvez a mais significativa por muitos analistas, foi que o Fed explicitou no comunicado que não só vai continuar, mas poderá ampliar as suas aquisições de grandes quantidades de títulos hipotecários e bônus das agências hipotecárias gigantes Fannie Mae e Freddie Mac. Além disso, está avaliando a possibilidade comprar títulos de longo prazo do Tesouro, e vai estimular o crédito pessoal e para pequenas empresas.

As aquisições de títulos, que aumentam a oferta de dinheiro para aqueles papéis, visam puxar para baixo a taxa de juros de longo prazo, já que a interferência direta da política convencional do BC americano, de determinar os Fed Funds, atinge apenas o curto prazo.

Para alguns analistas, o comunicado do Fed oficializa uma política de "afrouxamento quantitativo". Isto significa que, quando o juro já está próximos de zero, o BC aumenta a quantidade de dinheiro na economia - comprando títulos em poder do público maciçamente, por exemplo -, como forma de estimular empréstimos e a demanda e combater a deflação.

É um quadro que lembra o Japão após o estouro da bolha especulativa em 1989, que jogou o país numa situação de estagnação e baixo crescimento, com tendências deflacionárias, que até hoje não foi superada. A taxa básica de juros japonesa já está próxima de zero desde o final da década de 90, e o país tomou várias iniciativas de afrouxamento quantitativo. Segundo técnicos do Fed, as medidas do BC, que afetam os ativos mas não os passivos das instituições financeiras, não podem ser chamadas de afrouxamento quantitativo no sentido japonês.

De qualquer forma, a semelhança provocou calafrios no prêmio Nobel Paul Krugman, que escreveu em seu blog: "Isto é política de taxa de juros zero. E aconteceu. A América ficou japonesa. Isto é a coisa da qual eu tenho medo desde que realizei que o Japão estava na temida, possivelmente mítica armadilha de liquidez...A sério, estamos numa enrascada profunda. Sair dessa vai exigir muita criatividade, e talvez alguma sorte também".

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