Revista Isto é dinheiro - 09 de Dezembro 2008 Edição 584

Os grandes nomes de 2008
No ano que começou sob a égide do crescimento e se encerra em turbulência, eles se destacam pela visão de longo prazo e pela aposta na economia do Brasil

Quem procura inspiração para seguir em frente com seus planos em tempos de grande preocupação com o futuro da economia, como os que vivemos atualmente, não deve deixar de ler as cinco reportagens que ocupam as próximas 22 páginas. Nelas, a revista DINHEIRO relata as histórias vencedoras de seis homens que não se deixam abater por temores e não se recolhem ao menor sinal de mau tempo. EMPREENDEDORES, com todas as letras maiúsculas, têm a correr em suas veias a ousadia necessária para manter-se em busca de seus objetivos, adaptando-se aos cenários externos, sem retroceder. Em anos como o de 2008, que começou bafejado pelos bons ventos do crescimento e se encerra sob o estigma da incerteza, eles se destacam pela visão de longo prazo, pela decisão de apostar no Brasil. Há poucos exemplos tão retumbantes dessa clarividência quanto a surpreendente fusão que colocou lado a lado os banqueiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal no início de novembro. O sistema financeiro internacional tremia diante do colapso de colossos nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia quando, num movimento surpreendente, eles decidiram unir as forças de Unibanco e Itaú para formar a maior instituição do setor no Hemisfério Sul. A fusão espalhou ao mundo a mensagem de que os bancos brasileiros, a despeito das turbulências globais, estavam sólidos e fortes. E, mais do que isso, definitivamente prontos para encarar o desafio da internacionalização. Por conta desse negócio histórico, o maior do Brasil em todos os tempos, Setubal e Moreira Salles, agora sócios no Itaú Unibanco, formam a dupla de Empreendedores do Ano de 2008.

O plano de cravar as cores verde-e-amarela mundo afora ganha corpo em companhias nacionais de vários setores. Nunca o País teve tantas empresas operando em outros cantos do globo, fazendo aquisições e exportando conhecimento em suas áreas de competência. Esta foi uma das marcas, por exemplo, da gestão de Marcelo Odebrecht à frente da maior - e hoje a mais globalizada - construtora do País. Aos 40 anos, promoveu tal impulso nos negócios da empresa que deve ser sagrado, nos próximos dias, presidente de todo o grupo Odebrecht, com atuação em ramos como petroquímica e agronegócio, entre outros, e receitas de US$ 17,7 bilhões ao ano. É o Empreendedor do Ano na Infra-estrutura. Para os italianos da Fiat, o estilo brasileiro de gestão também é marcante. Os resultados da filial nacional, dirigida por Cledorvino Belini, são apontados como determinantes para a recuperação da montadora em todo o mundo. Belini contou com a ajuda de um mercado que acelerava em alta velocidade. Foi, no entanto, o mais rápido da indústria automobilística brasileira e liderou a corrida das vendas no melhor ano da história. Quando o crédito engasgou e a procura por veículos novos reduziu seu ritmo, já no fim do ano, o Empreendedor do Ano na Indústria manteve o pé no acelerador e confirmou investimentos de R$ 5 bilhões até 2010.
Nunca o País teve tantas empresas operando em outros cantos do globo, fazendo aquisições e exportando conhecimento em suas áreas de competência

Turbulências também não assustam David Barioni, experiente comandante de jatos comerciais que hoje pilota a TAM, maior companhia aérea nacional. Ele assumiu o manche da companhia em meio a uma crise de imagem, recuperou-a e lançou-a de novo em céu de brigadeiro. Leva na bagagem um ousado plano de investimentos de US$ 6,9 bilhões até 2018. Um dos principais trabalhos de Barioni, o Empreendedor do Ano nos Transportes, foi o resgate de características que sempre foram associadas à marca TAM, como o atendimento - ele mesmo costuma dar incertas em aeroportos para checar como seus funcionários estão tratando os clientes. Marcas são a especialidade do Empreendedor do Ano na Publicidade, Marcello Serpa. Um dos mais premiados publicitários do País, o sócio e criativo da AlmapBBDO alcançou em 2008 um feito inédito na América Latina: é o único profissional da região a ser agraciado com o Clio Lifetime Achievement Award, cobiçado reconhecimento internacional pelo conjunto de sua obra. E isso de forma precoce: tem 45 anos. Sua agência também foi a segunda do mundo em número de conquistas no Festival de Cannes. Serpa é outro que não pensa em tirar o pé do acelerador. Para seus clientes - e, nas próximas páginas, para quem mais quiser ouvilo - ele dá sua receita para vencer em dias de incerteza: "Os mais espertos investirão mais na imagem. Os covardes ficarão para trás

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