quarta-feira, janeiro 7

Jornal O Estado de SP em PDF, Quarta, 07 de Janeiro de 2008

Posted by kotonette 06:44, under | No comments

O Exército de Israel matou ontem ao menos 30 palestinos - algumas fontes falam em 42 - que estavam em uma escola da ONU na Faixa de Gaza. Este foi o mais violento ataque contra o território desde o início do conflito, que já deixou mais de 670 palestinos mortos. Muitas das vítimas da ação de ontem eram crianças que tinham sido levadas para a escola justamente por ser considerada um abrigo seguro que não seria alvo de ataques israelenses.




O governo de Israel lamentou as mortes, mas afirmou que a culpa do ataque era do Hamas, que, segundo os israelenses, usa civis como escudo humano. A ONU condenou Israel, afirmando que havia fornecido para o Exército israelense as coordenadas geográficas exatas da escola, onde 350 pessoas estavam abrigadas. Segundo a ONU, cerca de 15 mil palestinos buscaram refúgio em 23 escolas da entidade em Gaza.

Horas antes, Israel havia atacado outra escola da ONU no território palestino, matando três pessoas. Apenas nas operações de ontem, foram confirmadas as mortes de 77 palestinos.

No lado israelense, cinco soldados morreram ontem de madrugada na Faixa de Gaza. Quatro militares foram vítimas de fogo amigo, atingidos por um tanque de Israel, e outro morreu combatendo militantes do Hamas. Desde o início do conflito, dez israelenses foram mortos. Apesar da ofensiva israelense, foguetes do grupo palestino voltaram a atingir o sul de Israel, sem deixar vítimas. Um deles atingiu a cidade de Gadera, a 30 km de Tel-Aviv.

CORREDOR HUMANITÁRIO

Ontem, Israel anunciou a abertura de um "corredor humanitário" em Gaza. Em um comunicado, o governo disse que "setores geográficos serão abertos por períodos limitados durante os quais a população (palestina) receberá ajuda".

A intensificação dos combates, que já atingem zonas urbanas de Gaza, ocorre em meio a uma ampla ofensiva diplomática para obter um cessar-fogo. O Egito e a França propuseram um plano para encerrar o conflito em Gaza, que recebeu apoio dos EUA e da Autoridade Palestina . O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, rompeu ontem o silêncio sobre o conflito e afirmou que está profundamente preocupado com a morte de civis.

Com a proibição do acesso de jornalistas a Gaza por Israel e pelo Egito, a maior parte das imagens exibidas do ataque contra a escola da ONU era da TV Al-Jazira, do Catar, e da TV Al-Aqsa, ligada ao Hamas. Médicos carregavam meninos que foram colocados no chão do hospital, sem ficar claro se estavam vivos. Poças de sangue formavam-se ao redor da escola atingida pelos morteiros israelenses, que deixaram 55 feridos.

Alguns corpos estavam despedaçados por estilhaços da explosão. Um casal passou correndo com o filho ensanguentado no colo. Ambulâncias rumaram para o local. Mas, como não eram suficientes para atender aos feridos, carros particulares e táxis foram usados no resgate.

Os hospitais estavam lotados. A ONU e o Crescente Vermelho dizem que faltam remédios e material para atender aos mais de 2.900 feridos nos ataques de Israel. A ajuda humanitária que tem entrado pela fronteira israelense não é considerada suficiente. O Egito mantém a sua passagem com Gaza fechada.

"Muitos dos feridos haviam perdido partes do corpo e muitos mortos estavam em pedaços'', afirmou Majed Hamdan, fotógrafo da agência de notícias Associated Press. "Vi pais batendo nos próprios rostos em desespero. Alguns desmaiaram. Sabiam que seus filhos estavam mortos", acrescentou. "No necrotério, a maioria dos mortos era criança. No hospital, não havia espaço para os feridos."

"Não há nenhum lugar seguro em Gaza. Todos estão aterrorizados e traumatizados", disse John Ging, principal autoridade da ONU em Gaza.

A chanceler israelense, Tzipi Livni, declarou que "infelizmente, militantes do Hamas escondem-se entre os civis" e Israel tem buscado evitar a morte de inocentes. Os bombardeios das escolas da ONU deve aumentar ainda mais a pressão internacional para o fim do conflito. Em Israel, a morte dos soldados pode provocar uma oposição à ofensiva, que vem sendo apoiada pela maioria da população.

Em declaração no rádio, o premiê de Israel, Ehud Olmert, disse ontem que seguirá adiante com a ofensiva. "O resultado desta operação deve ser, acima de tudo, o fim do tráfico de armamento (por túneis na fronteira entre Gaza e o Egito), com o objetivo de prevenir que essas organizações assassinas sejam capazes de lançar" foguetes contra o território israelense.

Israel lançou a ofensiva militar no dia 27, acusando o Hamas de violar um cessar-fogo vigente havia seis meses. O grupo diz que Israel desrespeitou a trégua em novembro ao matar seis de seus militantes que construíam um túnel. Israel retirou-se de Gaza em meados de 2005, mas manteve o controle aéreo, marítimo e das fronteiras terrestres do território.

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