quarta-feira, dezembro 1

Jornal O Dia em PDF, Quarta, 01 de Dezembro de 2010

Posted by kotonette 13:22, under | No comments

Depois da batalha, a trégua no lar do herói:
Rio - Um bolo cheiroso e café quentinho esperavam o cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Eduardo Soares, 35 anos, depois de sete dias fora de casa. A missão era ocupar a Vila Cruzeiro, mas a chance do Estado de retomar também o Complexo do Alemão acabou com a folga do caveira, que em breve vai ser papai. O trabalho foi tenso e desgastante.Como os outros colegas da unidade, a primeira a chegar a ocupação, Soares teve poucas horas de descanso e quase nenhuma higiene pessoal. Foram dias de varredura, carregando 30 quilos a mais — peso do colete, da arma e dos carregadores — sob sol a pino. Ontem, ele voltou para casa, para só um dia de folga. Na mochila, além da farda ensopada de suor, muito orgulho. E o celular ligado, para qualquer eventualidade.
“Fomos a primeira equipe a entrar na Vila Cruzeiro, com o blindado da Marinha, debaixo de tiros. O fuzileiro contou que havia um caminhão pegando fogo. Passamos por cima. Era quarta-feira e só saí do morro na sexta à noite. Cheguei em casa às 23h30 e às 4h já estava na rua de novo. Minha mulher nem viu, estava dormindo. Preferi não acordá-la e só dei um beijo de ‘até a volta’, mesmo sem saber quando seria”, relembra ele.

Na porta de casa, que tem uma caveira para “espantar o mau olhado”, o abraço apertado da mulher, Tatiana, 32, foi um alívio. Grávida de 6 meses, de Eduardo Filho, ela fez carinho no marido, aplaudido pelas ruas. “Ele mandou fazer uma fardinha preta, para a saída da maternidade”, contou, enquanto Soares brincava com o cachorro Rambo. “Fui para a casa da minha sogra, com medo de passar mal. Estava aflita e não podia ligar. Falei com ele um dia, mas estava tão nervoso que esqueceu de perguntar pelo bebê. Graças a Deus foi tudo bem”.
No morro, os policiais escolhem uma laje no alto e só tem três horas por dia para descansar. “A arma fica do lado porque o combatente deve estar preparado. As pessoas criticam nosso curso, mas a gente precisa ser treinado para situações extremas. Temos medo, claro, mas a diferença é que a gente consegue controlar tudo isso”, explica Soares, que se emocionou ao lembrar da mãe, limpando as lágrimas na farda.

“Quando entrei no curso, ela disse que sentia pena de mim, pelo tanto que eu ia sofrer. Hoje, tem orgulho, sabe que somos importantes para a pacificação. Sou feliz por fazer parte de um grupo forte, que tem o apoio da a sociedade e quer fazer muito por ela”, resume.

Formato: PDF
Tamanho: 48 MB


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