Chuva aumenta emoção em Interlagos:Clima pode ser o protagonista do GP Brasil - O torcedor brasileiro deu uma prova de amor a Rubens Barrichello e à Fórmula 1 ontem em Interlagos. Nem mesmo dois temporais, que chegaram a ameaçar a sessão de classificação do GP do Brasil, não acabaram com o entusiasmo e a paciência dos mais de 40 mil fãs. Molhados, cansados, mas felizes, suportaram as 2h40 de treino para gritar o nome de Rubens Barrichello após a conquista da pole position - a quarta consecutiva de um piloto brasileiro, já que Felipe Massa largou em primeiro nos três anos anteriores. A ansiedade só tomou conta das arquibancadas quando o acidente do italiano Vitantonio Liuzzi, da Force India, provocou a interrupção da segunda parte do treino (Q2). Surgiram as primeiras impressões de que a sessão só seria reiniciada na manhã de hoje.
O volume de água no asfalto colocava em risco os pilotos, já que Liuzzi rodou em plena reta dos boxes. Os pilotos até ensaiaram não voltar à pista por conta própria. Mark Webber, da Red Bull, líder da associação dos pilotos (GPDA), segundo no grid, afirmou, ontem: "Espero que todos aprendam a lição de quando um treino deve acontecer ou não". Os torcedores que permaneceram pacientemente no autódromo - a maioria absoluta - foram recompensados cerca de uma hora depois, quando o sinal verde na saída dos boxes autorizou o surpreendente reinício da classificação. Até o sol, mesmo que timidamente, apareceu por entre as nuvens, sob aplauso entusiasmado da torcida.
O escocês David Coulthard, que se despediu das pistas no ano passado em Interlagos, foi pego de surpresa pelo mau tempo. Atualmente como comentarista de TV inglesa, vestia um par de sapatos de camurça marrom, que certamente ficou inutilizado após o aguaceiro que castigou o entorno da pista também. O problema, inclusive, se estendeu a todos os torcedores, jornalistas e funcionários da F-1. As poças se formaram em toda as áreas do circuito, cuja topografia acidentada dificulta a drenagem. Em alguns pontos, como no estacionamento utilizado pelas equipes, havia barro, problema comum em muitos autódromos.
A TV mostrava, com insistência, o promotor do Mundial, Bernie Ecclestone, no celular. É de lá que saíam as decisões sobre como proceder. Sua autoridade é tal que manteve a transmissão do seu evento ao vivo, para o mundo todo, por quase três horas, enquanto a previsão da classificação era de apenas uma. Horários de satélite previamente agendados pelas emissoras de TV tiveram de ser renegociados enquanto se aguardava o que ocorreria em Interlagos.
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