terça-feira, dezembro 28

Jornal O Estado de SP em PDF, Terça, 28 de Dezembro de 2010

Posted by kotonette 13:04, under | No comments

Lula diz ter 'ideia fixa' de que Dilma será candidata à reeleição em 2014: A cinco dias de deixar o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou nesta segunda-feira, 27, desfazer o mal-estar causado pela declaração de que poderia disputar um terceiro mandato em 2014, escanteando as ambições da presidente eleita, Dilma Rousseff. Em café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, ele disse que fará campanha pela reeleição da petista.
"Trabalho com a ideia fixa de que a nossa companheira Dilma será outra vez a candidata a presidente da República", afirmou Lula. "É justo e legítimo que quem está no exercício do mandato e está fazendo um bom governo continue governando. A Dilma será minha candidata." Na conversa, Lula disse que Dilma só não disputará a reeleição se não quiser. "Ela sabe disso", ressaltou. "Só existe uma hipótese na qual Dilma não seria candidata à reeleição: ela não querer ser. Mas, na minha opinião, é líquido e certo o direito de ela ser candidata à reeleição."

Em entrevista na semana passada, Lula deixou claro que poderá disputar a Presidência. A afirmação causou constrangimentos na própria equipe de governo. Ontem, ele atribuiu aos adversários o debate sucessório. "Isso interessa a quem quer correr contra a Dilma", afirmou. "Cabe a quem está no governo governar e não ficar preocupado com pauta de 2014."

Estranha. Lula ressaltou que Dilma não será uma "pessoa estranha" no Planalto. "Ela sabe onde está a cadeira, conhece as pessoas, sabe quem são os governadores, quem é boa parte dos ministros", disse. "Penso que ela terá uma vida mais facilitada do que eu tive em 2003. Era novidade lidar com a imprensa e os ministros, conhecer o palácio."

Na entrevista, o presidente foi questionado se seria copiloto de Dilma Rousseff. "Não. Ficarei na torcida, na arquibancada."

Lula se esforçou para dar um clima de descontração ao encontro. Ao abrir uma caixinha de manteiga, contou que pediu ao Inmetro que analisasse as embalagens. "No Brasil, as embalagens de manteiga não tinham isso. Um dia peguei no avião e mandei para o Inmetro. Um relatório mostrou que nenhuma empresa tinha o requisito necessário para facilitar a abertura da manteiga", relatou. "Mas tem umas que a gente é obrigado a pegar o garfo e furar."

Memorial. O presidente deixou escapar que ainda sente mágoas da oposição e da imprensa. Disse que vai precisar de tempo para escrever suas memórias. "Você não está preparado para fazer um livro no dia seguinte. Você está com mágoa. É preciso dar um tempo. Imagina se um marido e uma mulher no dia seguinte à separação resolvem escrever um livro? Vai ser um desastre. Você tem que deixar o ódio se assentar."

Embora tenha usado palavras fortes, Lula fez esses comentários com o semblante tranquilo e observou que Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi bastante criticado durante seu governo. "Ele todo o santo dia era chamado de corrupto e ladrão. Depois de um tempo, reconheceram a importância dele."

Lula disse ainda que pretende trabalhar na construção de um memorial que permita a todas as pessoas fazerem uma análise própria do que representaram seus oito anos de governo. "Eu pretendo fazer isso devagar. Nada apressado."

OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA

TERCEIRO MANDATO. "Em vez de democracia, você faria uma ditadurazinha. Eu acredito na alternância de poder, pois é preciso ter sangue novo, com pessoas com cabeça para fazer coisas novas. É por isso que eu não pleiteei."

SOLIDÃO. "Ela não deveria existir quando você está no poder, porque você está cercado de gente toda hora. Quando me refiro à solidão, me refiro aos fins de semana, em que você não pode convidar pessoas a irem à sua casa. Você não pode convidar empresários, ministros e amigos para o fim de semana com você. Vou convidar um amigo de São Bernardo e outro vai saber que não o convidei. Então, arrumei um amigo e um inimigo."

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